terça-feira, 5 de abril de 2011

Nosso Sai Baba Baby


Pedro Bem ... e a paz da qual todos fugimos buscando!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

PENÚLTIMA CEIA

"A Última Ceia" por Fabrício Garcia (manohead.com)

Estimado glutão, escravo da própria fome,
Convido-o a participar deste manjar magnífico
Teu umbigo representa, sei, o próprio homem,
É mais pro lado de dentro onde o ego é digerido.

Então venha saborear um prato refinado,
Acabamos de caçar um cervo-do-pantanal,
Imerso em molho de cerveja, leve, marinado.
Venha e senta-te à mesa, reservamos teu lugar,
O que é um mero cervo? É nada comparado
À satisfação terrena do teu nobre paladar.

De entrada é servido um prato para dois,
Iscas fritas de veado-bororó-do-sul
Em óleo extraído virgem da banha do peixe-boi
Servidas flamejadas em banhos de conhaque e rum.
Aproveite este momento, pois não haverá depois.

Aprove a nossa sopa de tartarugas-marinhas,
Com petiscos de coxinhas da ararinha-azul,
Se morrer por si só já é extinguir-se de tudo
Melhor é morrer pançudo já cheirando a atum.

Degluti um prato novo feito em forno de barro
Tem de ver depois de pronto e de bem passado,
Saboreie sem mea-culpa esta espécie rara
Veja, é lindo de se ver um mico-leão dourado!

Deixe aqui a sua bolsa de couro de crocodilo
Nosso restaurante é um silo, só que com calefação.
O seu casaco de pele deixe que eu mesmo tiro
Se em breve todo animal estará em extinção
Que sejam os primeiros, querida mademoiselle
Os animais de vossa espécie.

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Senta aqui, baleia-franca, tenho uma surpresa...
Matei alguém da realeza só para servi-la
Chame sua amiga chinchila, chame o tatu-bola
Chame o tamanduá-bandeira e também a preguiça.

Bugios, saguis, macaco-aranha, dêem uma olhada
Falem pro curió curioso morto de curiosidade
Vai ter rodelas de frades, logo, na parada,
E assado de recém-nascidos vindos da cidade.

As peruas aqui não são as mesmas do natal.
Os porcos não são os mesmos, assados no ano novo.
Omeletes de sheiks feitos à Ahmadinejad.
Princesas a primo canto, das que dão em ovos.

Tomando conta da copa um ornitorrinco
O urso kung-fu panda faz a segurança
Para a família gambá temos um parque fixo
Já que certamente junto virão as crianças.

Caçamos uns deputados que estavam em recesso
Preparados no capricho, limpos do cós à gravata.
Cuidado o colesterol - são ricos em carboidratos
Quando feitos gratinados em companhia das batatas...
Só um aviso aos carnívoros que são meus amigos:
- Não quero a onça nem pintada!
E pra completar os desígnios desarrazoáveis
Só vão ter pratos descartáveis!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

OVOS DE OURO




João era Midas e Midas João.
Desceu o pé de feijão, e feijão já não mais havia.
Bagas e folhas folhadas em ouro, e talos e troncos doirados.
Tudo era de ouro.
Sob seus braços uma estátua galinácea, de ouro puro, que já não mais punha ovos.
João, o ourives, enlouquecera.
Deixou de comer e com as mãos suspensas, morreu; sem prescrição da doença.
Morreu, solitário e pobre, em companhia de seus três cachorros.
Todos mudos.
Nenhum quilate!